querer ficar, aos quase quarenta e três

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me lembrar que tenho quarenta e dois anos. que a noite de sono não dormida não é perdida, mas jamais recuperada. que embora eu ainda sinta uma vasta disposição para tantas coisas, meu corpo tem novo ritmo. que tenho novas escolhas, fazendo circular o que antes nem me despertava a atenção em meu foco total.

ter quarenta e dois anos e continuar querendo a calma, ainda que a paixão me sacuda inteiriça como um lençol branquinho e cheiroso secando no varal, bailando ao vento. ter quarenta e dois e, sim, não desistir de quem desiste, não como uma salvadora, mas a quem, tantas vezes preciso for, saber ofertar a mão, o abraço, a escuta, o afeto.

ter quarenta e dois anos e me orgulhar lua após lua do tamanho da minha grandeza e dos imensos significados de cada lágrima ou risada minha: foi um longo caminho até aqui.

ter quarenta e dois anos e continuar me assombrando feliz com os enredos que a vida me presenteia, com os encontros e – também – os desencontros. saber chegar e saber sair.

querer ficar, aos quase quarenta e três.