me chama pelo nome, diz aquilo tudo que não tenho ouvido há tantas luas,

Perdido seja para nós aquele dia em que não se dançou nem uma vez!* Caramba! Há quanto tempo essa sensação tão transcendental não me chegava. Como te celebro, movimento! Fecha os olhos e deixa o corpo seguir o ritmo da melodia, deixa os pés traçarem suas batidas no chão, deixa a música alta, abre os braços, abre os olhos e dança! Se joga no existir livre! Eu voltei a dançar, pessoa. Olho fixamente com fome e desejo de correr prados e corpos e bocas e histórias, todas as narrativas possíveis, descoreografadas ou ensaiadas. Faz um ritual, me convida, me chama pelo nome, diz aquilo tudo que não tenho ouvido há tantas luas, repara as nuvens e me conta outra vez aquele texto que sei de cor. E falsa seja para nós toda a verdade que não tenha sido acompanhada por uma risada!* Me deixa passear onde tudo esteve adormecido, recolhido como um embuá. Nos permitamos não achar saída alguma no amor, pra que tudo seja ninho, pra que tudo voe e que nossa risada, em gozo, em choro e em sentir as palavras se apossando do corpo, possam nos dizer, possam nos dançar em todo o tempo e espaço.

*Friedrich Nietzsche