ponte metálica

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quase toda a orla turística de fortaleza, andamos. sentamos naquele banco de praça, sem ser praça. encostei minha cabeça em seu peito, arfando de tanto caminhar e duvidei: não era você. passava das duas da manhã, apenas os amantes, os ousados, os despretenciosos e os malintencionados ainda habitavam aquele espaço. você me puxou pela mão e disse que ia me mostrar um céu diferente. eu fui. debaixo da ponte metálica há um universo paralelo: ondas, catitas, lixo, sal, latas de cervejas vazias e o coração pulsante de medo e desejo. você me lambeu o pescoço inteiro, fiquei paralisada. mordiscou-me as costas toda, alguns profundos gemidos ecoei. tomei as rédeas do desenfreio do desejo e disse: sou minha. levantei-me vestindo minha blusa e constatei:
não era você.


foto: Micélia Oliveira

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